Um projeto que abre portas para um caminho de realizações de sonhos, essa é a revista digital AVESSA. Faz alguns dias que postei uma breve matéria sobre a revista/*leia aqui*/, projeto de alunos do curso de Comunicação Social da UERJ cujo intuito é alcançar escritores que gostariam de ter seus textos publicados e divulgados pelo mundo dos amantes de boa leitura e depois de conhecer um pouco mais de perto a história do projeto, da equipe e ver a ótima recepção do mesmo nas redes sociais decidi trazer aos leitores maiores detalhes da AVESSA e seus criadores.
Com a primeira publicação prevista para dia 01/10, vamos conhecer as mentes por trás da revista que vai revelar os novos talentos da literatura do cenário nacional e, quiçá, internacional!
O que estuda um aluno de comunicação social?
Equipe Avessa - A Faculdade de Comunicação Social (FCS), na Uerj, é dividida em duas habilitações - Jornalismo e Relações Públicas (RP). Ambas estudam como a maneira de se comunicar influencia em como a mensagem é recebida pelo público, por exemplo, um jornal que publique sobre a Guerra no Alemão pode dar prioridade ao trabalho da polícia ou às atitudes dos traficantes, e esse foco vai mudar a maneira como o público vai perceber a notícia. O que difere cada habilitação é que o curso de Jornalismo é voltado para a informação; se pretende objetivo (sem influência de opiniões e pontos de vista pessoais) e o curso de RP é voltado para a imagem do cliente, como ele é visto pela mídia e pelo público.
O aluno de Comunicação também estuda a relação da informação com a sociedade: vemos muito os temas de cidade, sociedade, tecnologia, história, ética e legislação. Os profissionais da comunicação são responsáveis pela produção e transmissão de informações e conhecimento.
Nossa formação na Uerj também procura relacionar as duas vertentes do campo: teoria e prática. No começo da faculdade as matérias são mais voltadas para criar nossa base do campo: teoria da comunicação, do jornalismo, comunicação e cultura, etc. Com o avançar dos períodos, matérias como redação em jornalismo cotidiano e não cotidiano, edição e jornalismo na internet, expressamente mais práticas, vão aparecendo no currículo. A ideia do projeto da Revista Avessa foi desenvolvida em uma dessas aulas práticas, Projetos Experimentais, que cursamos agora no 7º período. A FCS também oferece um número de laboratórios de comunicação em que o aluno pode estagiar e ganhar um pouco da experiência do mercado de trabalho, como Laboratórios de Televisão e Vídeo, de Editoração Eletrônica, de Radiojornalismo, de Redação, de Pesquisa de Opinião Público (no caso de RP), entre outros.
Li que o projeto partiu de uma disciplina chamada "Projetos Experimentais" da FCS. Como essa disciplina é tratada? É solicitado um projeto no início do semestre que pode ser encerrado no fim do mesmo? Há professor orientador? Os projetos podem ir além do semestre?
Equipe Avessa - Os alunos do 7º período - tanto os de Jornalismo quanto os de RP - têm essa disciplina como uma das disciplinas obrigatórias do curso e precisam apresentar um projeto a ser avaliado no final do semestre. Há um professor orientador que acompanha o desenvolver do projeto, que pode vir a se realizar ou não. Para os estudantes de Jornalismo, o objetivo é fazer algum projeto prático (documentário, programa de rádio, periódico, etc), mas ele ser concretizado ou não é critério dos alunos e do professor responsável pela disciplina.
No nosso caso, uma revista literária era algo que a Mayara sonhava há anos e a disciplina foi um incentivo para começar. Com a ajuda da equipe, conseguimos colocar para frente e torná-lo real.
Todos do nosso grupo, e agora equipe, tem uma relação com a literatura: a Vitória tem dois livros de poesia publicados, a Marcelle cursou Inglês e Literaturas, por exemplo. Todos nós somos apaixonados pela leitura e pela escrita.
Como se deu a formação da equipe?
Equipe Avessa - Nós somos amigos desde o início da faculdade, sempre fizemos os trabalhos juntos. Foi natural que a gente se juntasse para colocar a revista pra frente, e o tema era algo que todos gostavam, porque todos nós temos uma relação com a literatura.
Nosso grupo sempre foi unido e talvez o mais “geek” da turma. Nos divertíamos muito conversando sobre livros, séries e personagens. Sobre o grupo, nunca houve discussão sobre com quem faríamos a disciplina de projetos experimentais, e sim qual seria nosso projeto. A Mayara já conversava com a Claudia sobre o sonho da revista desde o começo da faculdade. Brincadeira vai, brincadeira vem, ficou claro que esse era um projeto que elas gostariam de levar para frente. Quando propuseram a ideia para o restante do grupo, tivemos a certeza de que aquele seria nosso trabalho e que todos nós construiríamos juntos e igualitariamente, cada um dando a sua ideia e colocando um pouquinho de si na Revista.
Todos os membros da equipe são de Comunicação Social ou há membros de outros cursos? Caso haja, de qual curso?
Equipe Avessa - Sim, somos todos estudantes de Comunicação Social, mais especificamente, do curso de Jornalismo.
Por trás de grandes projetos sempre há grandes ideias. Como a AVESSA nasceu?
Equipe Avessa - A ideia surgiu do tumblr e com a Mayara, que é uma aspirante a escritora e segue muitos blogs de escrita e incentivo a escrita por lá, todos eles em inglês. A falta de um veículo que permitisse publicar em português incomodava e ela começou a pensar que poderia criar algo nesse sentido. Estar cursando Jornalismo foi essencial, porque foi onde o grupo se formou e onde conseguimos conhecimento técnico pra levar a ideia adiante. Conversa vai, conversa vem com a Claudia, elas contagiaram o restante do grupo com a ideia da revista, já que todo mundo é apaixonado por literatura e o grupo passava boa parte de seu tempo juntos discutindo sobre livros e autores. Cada um trouxe muitas coisas para o projeto, então a identidade da Avessa tem um pouco de cada um de nós. Foi uma construção coletiva. Todos opinamos no perfil, nas cores, no design, etc. Todos escolhemos o nome. É claro que cada um entendia mais de uma coisa que o outro, por exemplo Marcelle e Mayara tinham mais facilidade com programação que os outros pelos cursos técnicos que fizeram, Vitória já conhecia um pouco do processo editorial por ter publicado dois livros e os lançado em Bienais, mas no fim cada um complementava a ideia do outro.
Por que o nome AVESSA?
Equipe Avessa - A gente queria um nome que fosse forte, atraente, e que indicasse o que a gente pretende. A ideia de chamar a revista de Avessa foi do Victor Vicente, que sugeriu pensando que seríamos um veículo de publicação às avessas - normalmente, o mercado tradicional funciona de maneira que o escritor precisa convencer as editoras a publicá-lo, nós pretendemos ser um espaço em que as publicações vão convencer as editoras de que aquele autor merece um contrato. Esperamos que a Avessa se torne uma grande vitrine para que muitas pessoas tenham acesso aos textos maravilhosos e criativos por aí.
Em uma época em que o meio virtual tem tanto peso, uma revista eletrônica seria uma forma mais dinâmica e eficaz de proporcionar uma chance para que o novo autor alcance algum espaço no mercado editorial, que é muito fechado. Além disso, existe hoje uma tendência, ainda pequena mas que vem crescendo, de talentos que são achados na internet por terem alcançado uma fama exponencial no meio digital. Queremos, daqui há um tempo, que nossa revista se torne uma plataforma desse gênero.
Qual a mensagem por trás do logotipo AVESSA?
Equipe Avessa - tem a intenção de deixar claro que somos únicos e que os textos que publicamos são inovadores. Você pode ver que o A no final está na direção contrária das outras letras na palavra, porque isso sugere que estamos seguindo na contramão do sistema, esse sistema do mercado editorial que você enfrenta uma batalha correndo atrás de editoras ou paga para publicar um livro. Com certeza tem muita gente talentosa que infelizmente não consegue chegar nem na porta de uma editora, é ignorado por esse “sistema”, quando na verdade pode ser um grande escritor(a).
Queremos mostrar que somos inovadores. Uma coisa importante é que nosso logo também mostra como nós nos criamos às avessas. Como esses novos escritores que estão fazendo o caminho inverso, nós mesmos fizemos isso. Somos universitários, alunos ainda. Não temos nenhum nome no mercado que possa alavancar nosso novo projeto. Estamos indo na contramão de revistas e marcas que já tem um lugar certo no ramo editorial. Como eles, estamos correndo atrás do nosso sonho.
Estudantes universitários geralmente dispõem de poucos recursos para pôr projetos em prática. Quais foram as maiores dificuldades para tirar a AVESSA do papel?
Equipe Avessa - Bem, a revista é uma iniciativa sem fins lucrativos, então uma das dificuldades que temos é equilibrar estágio, emprego, etc, com as tarefas da revista. Além disso, ela é unicamente digital justamente por não termos dinheiro para fazer uma tiragem impressa - um sonho que pretendemos realizar no futuro.
Apesar de ser um projeto que foi colocado em prática a partir de uma disciplina na faculdade, não tivemos nenhum apoio material, técnico e muito menos financeiro. Foi tudo na base da “vaquinha” e do nosso precioso tempo.
Também temos muita dificuldade para nos encontrarmos. Por ser um projeto pessoal, muitas vezes ele precisa batalhar por espaço no caos do nosso dia-a-dia (aulas, estágio, empregos, etc). Nós não abrimos mão de que todos os cinco participem de cada etapa, ainda mais no começo da Revista. Estamos criando nossa identidade e queremos estar presentes em tudo. Cada tempinho que achamos em que estejam todos reunidos é uma maravilha.
Futuramente, quais são os planos da equipe para a AVESSA? Vocês pretendem passar a administração do projeto para outros alunos?
Equipe Avessa - Uma das coisas que a gente pretende fazer, depois de algumas edições publicadas, é uma arrecadação no Catarse para publicar uma coletânea dos textos publicados nas edições. A gente também tem planos para começar a publicar livros, mas sem previsão de quando isso vai acontecer.
Quanto a administração, a gente não pretende abandonar o barco tão cedo, mas conforme a revista crescer, a gente sabe que vai precisar de ajuda. Vai ser muito bom ver a equipe Avessa aumentar.
Neste instante há milhares de escritores em suas casas, com seus textos empilhados em suas mesas esperando uma oportunidade de terem suas ideias espalhadas pelo mundo e vocês estão dando esta oportunidade a eles. Como vocês se sentem sendo pontes para realização desses sonhos?
Equipe Avessa - É uma honra poder proporcionar essa oportunidade, saber que tanta gente está apoiando a inciativa e contando conosco para verem seus trabalhos publicados. A maioria das pessoas escreve para que outras pessoas leiam. Muita gente escreve, os amigos e a família lêem. E geralmente essas pessoas são muito talentosas e queremos muito que essas pessoas tenham um espaço e que todos tenham a oportunidade de ler esses materiais e conhecer esses novos escritores. Podemos estar dando oportunidade para pessoas que daqui a alguns anos venham a ser grandes nomes e referência na literatura brasileira. Todo mundo precisa começar por algum lugar e pessoas talentosas merecem isso.
É uma sensação maravilhosa. Cada vez que recebemos um texto sentimos uma alegria imensa. Estamos contribuindo para o sonho de alguém e para que o talento das pessoas não seja perdido. Por isso também resolvemos fazer uma revista com certa periodicidade - a gente pretende publicar uma edição a cada dois meses -, pois queremos dar espaço para o maior número de pessoas possíveis, já que sabemos o quão difícil é um novo autor ter visibilidade. A Vitória mesmo publicou seus livros de forma independente, com ajuda da família e amigos, sem editora. E ela diz que se na época que os fez tivesse um projeto como a Avessa, que dá oportunidade para novos autores, com certeza seria um modo mais fácil e mais em conta de entrar no mercado. Assim, queremos poder realizar o sonho de outras pessoas.
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